segunda-feira, 21 de junho de 2010

SUBJETIVIDADES

SUBJETIVIDADES




Eu, como qualquer profissional da área de letras, adoro aspectos ligados à linguagem, dentre eles a gramática. A gramática é algo estrutural, de certa maneira subjetivo. Mas confesso que não entendo (ou não quero entender, pois não concordo) a maioria dos autores em um aspecto: a classificação do substantivo em concreto ou abstrato.

A classificação dos substantivos em concretos ou abstratos deveria levar em consideração a significação que essas palavras têm para o falante. Vejamos: como Deus, por exemplo, pode ser classificado como concreto? Muitos dizem que substantivo concreto é aquele que “não depende de nada para existir”, ou “que pode ser visto ou tocado”. Quer dizer que essas pessoas, então, já viram ou tocaram em Deus? Será que tomaram um chimarrão com ele?

Aí, alguém pode pensar: “mas Ele não depende de ninguém para existir”. Como não? Eu, por exemplo, acredito piamente na existência de Deus, até me considero bem amiga do Cara, tenho com ele monólogos bastante freqüentes, mas nunca o vi nem toquei nele. Se eu parasse de acreditar em Deus, ele deixaria de existir para mim. Logo, se o indivíduo não acredita na Sua existência, então, para esses, Ele não existe. Então, vai dizer que alguém tão subjetivo e espiritual não depende de ninguém para existir? Então, estaríamos excluindo os ateus nessa classificação morfológica?

Os conceitos subjetivos são inúmeros, e, por isso, tão passíveis de discussão. O trabalho é subjetivo, assim como o amor. A diversão é subjetiva, assim como a tristeza. O sentido da vida é subjetivo e, mesmo que a vida não tenha sentido, vale a pena investir nela. Assim como devemos e precisamos investir no trabalho, no amor, na diversão e, inclusive, na tristeza.

Não precisamos de classificações. A gramática é que precisa. O que é subjetivo serve para ser vivido, não precisa ter sentido. Deus é, para mim (quem sabe, para boa parte das pessoas), morfológica e materialmente, abstrato. Mas não é porque as coisas são abstratas que não podemos acreditar e apostar nelas. O ser humano vive uma época em que é muito difícil e pouco seguro confiar apenas em coisas concretas.

Resta-nos dar crédito e valor à abstração e subjetividade do trabalho, do amor, da diversão, da tristeza, de Deus (ou até de seus oponentes, caso prefiram) sem esquecer das nossas subjetividades. Pode ser que, naquilo que diverge ou não consegue ver ou tocar, o ser humano encontre um sentido nessa vida.



(Ana Paula Milani, junho de 2010)

2 comentários:

Rodi disse...

Oie POLA!!! Adorei tê-la na blogosfera, a socializar seus pensamentos e visões de mundo. Um grande abração, bem literário!!! Rô.

Elis Minozzo disse...

Oi!!! Que bom mais uma blogueira!!! Ter um diário veirtual é uma forma de exposição, e o difícil é que assim como escrevemos o que queremos, aquele que lê entende o que quer. Mas ainda assim vale a pena! Sucesso!!!!
Abração...